quarta-feira, 2 de março de 2011

Dicas práticas

Para finalizar o blog, algumas dicas para quem quer viajar de carro pelo interior da Argentina.

Dinheiro

Na Argentina, nas cidades grandes, assim como aqui, cartão de crédito é aceito por todo lugar. Mas, quem, como nós, vai viajar pelo interior, vai necessitar de moeda. Muitos restaurantes, postos e pequenas pousadas só trabalham com dinheiro. Alguns, que costumam receber estrangeiros, até aceitam dólares, mas o mais fácil é levar pesos. Restaurante que aceita cartão, normalmente não inclui a gorjeta na conta que tem que ser paga em moeda. Outra vantagem de pagar em dinheiro é que há lugares pequenos que chegam a dar 15% de desconto para pagamento em cash.! Aconteceu conosco em uma pousada.

Como das outras vezes em que estive na Argentina, tive dificuldades em obter dinheiro em caixas automáticos. Tentamos com cartões de bancos diferentes e não conseguimos nada. Ou seja, é melhor não confiar demais em obter dinheiro em ATMs.

Comunicação

Acesso Wi-Fi tem por quase todos lugares, mesmo restaurantes e hotéis fazenda. Normalmente é gratuito.

Polícia

A polícia argentina tem a fama de usar subterfúgios e inventar infrações para arrancar dinheiro de brasileiros. O país está cheio de barreiras policiais. Como da outra vez, não tivemos problemas. Em La Rioja, um policial pediu uma "contribuición" para os bombeiros voluntários. Demos 10 pesos (5 reais) e ele saiu feliz.

Na Argentina, em estradas, o uso de luz baixa é obrigatório. É uma boa, pois facilita muito as ultrapassagens: fica fácil ver se vem carros em direção contrária. O problema é que nós, brasileiros nem sempre lembramos de acender os faróis. Fui parado duas vezes com faróis apagados. Uma vez escapei incólume, mas na outra não teve perdão e tive que pagar a multa (pequena).

Abastecimento

Usamos sempre Nafta Super. O preço varia entre R$2,00 e R2,40, de acordo com a localidade. Existe uma gasolina Premium (Fangio e outras denominações), mais cara. Apesar de a gasolina deles não conter álcool, não vi diferença de desempenho. Só na altitude, acima de 2.000m notei uma pequena queda de desempenho. Em compensação, o consumo me pareceu melhorar, ficando algo como 10% menor que com a nossa gasolina (o carro é Flex).

Na Argentina, pelo que entendi, os preços são meio tabelados. A gente sabe, do passado aqui no Brasil, que isso resulta em desabastecimento. Como da nossa outra viagem à Argentina, de novo, encontramos postos sem gasolina, perto da fronteira. Depois de Santa Fe, o abastecimento estava regular.

Uma coisa impressionantemente antiquada são os dispositivos para calibrar pneus. Me lembrou da minha infância: analógicos, diferentes mangueiras para encher o pneu e para verificar a pressão... Eu vivia desconfiado de estar com pneus com pressão incorreta.

terça-feira, 1 de março de 2011

Dias 12-14 - 23-25/02 - Retorno ao Brasil






Sobre os últimos três dias, não há muito a falar.

Usamos um dia para viajar de Alta Gracia até Santa Fe. Para variar de hotel, nos hospedamos em um Holiday Inn, que se encontra bem no centro da cidade. Fica a umas poucas quadra da zona de pedestres. Demos uma voltas a pé, mas não vimos nada de interessante. Depois fomos, ao shopping, para comprar uns vinhos e azeites.

No dia seguinte, fizemos o percurso Santa Fe - Uruguaiana, pela mesma rota que usamos na vinda. A passagem pela fronteira foi rapidíssima. Para sair da Argentina e entrar no Brasil não há tramites a fazer. Aproveitei para trocar os pesos que me restavam. Aliás, as taxas de câmbio praticadas na casa de câmbio que se encontra no centro de fronteira são excelentes. Nos hospedamos, novamente, no Hotel Presidente.

Finalmente, no dia 25/02, fizemos o retorno até Porto Alegre. É interessante observar, a medida que se vai entrando no Brasil, como aqui é tudo mais verde. Além disso, cada vez que a gente sai do ar condicionado do carro, sente o aumento da umidade. Até perto de Santa Maria a viagem é tranqüila. Dali por diante a estrada vai ficando mais cheia e fica mais difícil ultrapassar os caminhões. Para completar, choveu. Lá pelas 19:00, estávamos em casa, cansados, mas realizados e felizes:)

Dia 11 - 22/02 - Cruzando a Serra











Neste dia cruzamos a serra, de Mina Clavero até Alta Gracia, nossa próxima parada.

O ponto mais alto do caminho fica a uns 2.150m, enquanto o hotel fazenda fica a uns 950m. A subida pode ser feita por duas estradas. Uma, mais longa, é asfaltada. A outra é uma estrada bem estreita de "ripio", que vai serpenteando serra acima. Conversei com o dono da pousada e ele falou que dava para usá-la tranqüilamente. Valeu a pena! O caminho é lindo. Novamente, paramos muitas vezes para fotografar. Devemos ter levado algo como uma hora a uma hora e meia para fazer os 23Km de subida. A foto do cabeçalho deste blog é da parte mais alta da subida.

Terminada a subida, entramos na estrada asfaltada. Por um acaso, justo quando entramos nesta estrada, econtramos um parador de montanha, La Posta del Qenti. O lugar parecia vazio, mas, ao entrar, vimos alguns hóspedes e nos disseram que estavam servindo almoço (para variar, um bife:). De entrada, trouxeram "unas cositas para picar" (ver a foto ao lado). Enquanto estávamos almoçando, o mundo desabou lá fora. Lembramos da estradinha que havíamos usado e dos vários riachos que atravessamos e que agora deveriam estar transformados em rios caudalosos...

Depois do almoço, iniciamos a descida da serra. Continuou chovendo e vimos muitas cascatas impressionantes. Na parte mais baixa do percurso pegamos neblina e observamos um costume interessante entre os argentinos. Em caso de neblina, o primeiro carro da fila vai com o pisca-alerta ligado, para reforçar a sinalização. Depois, vimos em algumas placas, que este procedimento é regra na Argentina.

Nosso destino do dia era a cidade de Alta Gracia. Trata-se de uma cidadezinha de montanha, usada para veraneio pelos cordobeses mais afluentes. Nela encontra-se a casa em que Che Guevara morou na infância. Como ele era asmático, os pais o trouxeram para Alta Gracia, por causa da altitude. Alta Gracia foi também sede de uma estância jesuítica e lá se encontram várias construções da época da colonização, inclusive uma catedral imponente.

Aqui ficamos em um bed&breakfast bem pequeno (só dois quartos), tocado por Silvia, uma jornalista e fotógrafa norte-americana, que se estabeleceu aqui. Lugar muito confortável e bem no meio da cidade.

A noite, por recomendação de Silvia, fomos ao Golf Club, para jantar. A atmosfera é meio anos 50, mas a comida e o atendimento excelentes.

Quilometragem do dia: 103Km

Dia 10 - 21/02 - De volta às serras de Cordoba





Para voltar ao Brasil, optamos por passar novamente por Santa Fe. Há outras alternativas (Rosario, Uruguay e até Buenos Aires), mas essas são mais longas.

De Mendoza a Santa Fe, o caminho mais rápido é por San Luis, Villa Mercedes e Rio Cuarto. Este caminho desvia das serras de Córdoba, passando ao sul delas. O problema é que são 900Km, ou seja, no nosso ritmo, são dois dias, praticamente sem nada interessante para ver: só pampa e muitas retas.

Optamos por voltar pelas Serras de Cordoba, desta vez as serras que ficam ao Sul da cidade e quebramos a viagem até Santa Fe em três dias. Neste dia, fomos de Mendoza até Mina Clavero, que fica na região de Traslasierra. Traslasierra quer dizer "do outro lado da Serra", em relação a Cordoba, é claro. Deixamos para o segundo dia a travessia da serra propriamente dita e para o terceiro dia a perna final até Santa Fe.

Mina Clavero não parece ser um lugar particularmente atrativo. É um lugar de turismo de massa, com muitos balneários, que parece atrair a população de Cordoba no verão. Entretanto, ali, para fora da cidade, encontramos um Hotel Fazenda bem dentro do nosso gosto: Santa Maria de las Casas Viejas. Trata-se de uma fazenda de 300 hectares, na qual ao redor de uma casa de ao redor de 100 anos foi construída uma hospedagem. A hospedagem é tocada pelo casal Carlos e Marta Pons. A cozinha já recebeu alguns prêmios da imprensa especializada argentina.

A viagem de Mendoza a Mina Clavero passa, novamente, por uma região semi-árida. Tem vários trechos longos sem abastecimento. A partir de uma localidade chamada Encon, vai se bordeando o sul de um deserto. Aí deve haver quase 200Km sem nenhum posto de abastecimento.

Chegamos em Mina Clavero pelas 17:00 e fomos direto passear pela estância e fotografar. Tivemos sorte com o tempo, pois justo quando chegamos, abriu depois de uma chuva de verão.

À noite, Marta nos preparou raviolis de espinafre que estavam fantásticos.

Quilometragem do dia: 480Km

Dia 09 - 20/02 - Volta à estrada






Depois de dois dias dedicados à boa mesa, resolvemos sair a passear novamente. Na realidade, o plano original era intercalar o dia de passeio, no meio dos dois dias de descanso, mas, como queríamos ir para a cordilheira, eu estava esperando uma melhora no tempo, que andava nublado.

O Daniel da pousada (que é um montanhista reconhecido e têm uma agência que leva o pessoal até o cume do Aconcágua) já havia me dito que eu não devia tentar prever o tempo na cordilheira pelo tempo em Mendoza, pois eles tem pouca relação.

Assim, saímos para um circuito indo até o Aconcágua. O plano era subir por Villavicencio, de onde parte uma estrada não pavimentada até Uspallata, que todos dizem ser muito bonita.Queríamos subir por Villavicencio e, na volta, descer pela ruta nacional que é usada por todos que vêm do Chile.

Há uns 10Km de Villavicencio fomos parados por um guarda-parques que nos avisou que a estrada estava interrompida depois de Villavicencio, devido a deslizamentos causados por uma tempestade de verão.

Assim, tivemos que retornar e subir até o Aconcágua pela rota normal mesmo. Ela também oferece paisagens espetaculares. O defeito é o movimento intenso, principalmente de caminhões. Paramos um monte de vezes para tirar fotos e fomos até a entrada do Parque Nacional do Aconcágua. Como dá para ver nas fotos, o tempo estava perfeito, bem diferente de Mendoza, onde estava cinza e nublado.

Quilometragem: ao redor de 400Km contando o desvio


Visualizar Altos Uspallata em um mapa maior

Dia 08 - 19/02 - Dia gastronômico



Nós apreciamos vinho, mas não somos de participar de degustações. Assim, pegar o carro e fazer várias degustações em bodegas diferentes, não estava no nosso programa.

Mas, vinho acompanhado de uma boa refeição é nossa praia:) Saímos atrás de uma Bodega que oferecesse um almoço harmonizado (como dizem por aí) com bons vinhos.

Em Chacras de Coria mesmo, encontrei uma bodega butique, daquelas de produção pequena, mas de qualidade: Clos de Chacras. Vários sites fazem boas recomendações do restaurante da bodega. Eles têm um menu degustación de cinco pratos, acompanhado de cinco vinhos da bodega. No final foram seis vinhos, pois, como trocaram um dos pratos do menu que havia faltado, nos recompensaram com um vinho da linha premium da bodega. Foi excelente! Uma pequena falha nossa, foi tentar acabar com cada cálice de vinho antes de vir o próximo. Sorte que fomos a pé: Com isso, não foi necessário dirigir de volta.

Deste almoço, por alguma razão, quase não temos fotos. Salvei uma, que estava em um celular.

Dia 07 - 18/02 - Mendoza

Neste dia, fomos até o centro de Mendoza.

Estacionar é fácil: o centro está cheio de estacionamentos pagos. Aproveitamos a passagem em uma cidade maior e fomos a uma casa de câmbio, para repor o estoque de pesos.

Depois, fomos caminhar um pouco pelo centro e Eliane entrou em algumas lojas no calçadão. Ao redor de 1990, eu estive por duas semanas em Mendoza, dando um curso em uma das universidades locais. Comparado com aquela época, achei o centro bem mais deteriorado. Acho que é um fenômeno que aconteceu em quase todas grandes cidades da Argentina e do Brasil. Mesmo assim, comparado com Porto Alegre, parece um lugar mais seguro e tranquilo.


Para o almoço, fomos ao Azafran, que parece ser a recomendação de todos (Daniel da pousada, tripadvisor, ...). O lugar é muito bacana, estilo meio rústico e tem uma adega muito boa de vinhos. Fomos de menu do dia, que estava fantástico.

Almoçados, nos demos conta que não tínhamos o que fazer. Devia ser umas 15:00 horas. Nas cidades do Noroeste Argentino, esta é a hora da sesta. Vai até lá pelas 17:00. Fizemos o que todo brasileiro faz quando não tem o que fazer: fomos ao shopping... O que tem lá, tem aqui também e o preço é parecido. Nothing to write home about.

Voltamos para Chacras de Coria e fomos dar umas voltas pelo centro. A janta (depois de todo aquele almoço) foi em casa mesmo, com pão e fiambres que a Eliane descolou no centrinho da vila.